terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Primeira prenda de Natal


Este fim-de-semana recebi a minha primeira prenda de Natal. Foi tão boa, tão boa, que conseguiu superar, e substituir até, uma série de outras prendas que gostaria de ter comprado e não comprei: chegou a conta da oficina! Estou maravilhada! Guardarei com dedicação o registo deste acontecimento, motivo pelo qual estou a pensar emoldurar a factura. Note-se que foi uma simples revisão (e não a mudança dos 4 pneus, mais a pintura, o sistema eléctrico, a transmissão, a suspensão, a embraiagem e a direcção).

Ao que eles cobram por hora, quando for grande quero trabalhar numa empresa alemã de reparação automóvel!


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Foste convidada/o...

Com o frio que aqui vai, hoje resolvi almoçar no trabalho, o que me deixou algum tempo para partilhar neste espaço o que me tem vindo a incomodar nos últimos dias.

Já aqui falei sobre o que gosto no Natal e uma dessas coisas é os jantares (quando se realizam e sobretudo quando não precisamos de vestir um fato de super-herói para que aconteçam).


Esta é uma quadra em que os jantares comemorativos da ocasião se multiplicam. Senão vejamos: Tenho quatro jantares da faculdade, um jantar do liceu, dois jantares de cursos de formação, um jantar de amigos, um jantar da empresa e um do sector onde trabalho. Graças a Deus que a crise se instalou e não tenho de ir aos jantares do maridão! Bem vistas as coisas, esta é uma altura com muito potencial para quase não conseguirmos ver as pessoas com as quais coabitamos.

Desde o início das conversações, foram trocadas três dúzias de e-mails (no caso de um grupo pequeno), alteraram-se as datas de metade dos outros eventos, criaram-se “enquetes” para que, online, possamos ver a disponibilidade de toda a gente, meteram-se dias de férias, trocaram-se jantares por almoços e dias da semana por sábados e domingos. Enfim… A seguir à compra das prendas, este é o verdadeiro drama de Natal. Valeu-nos a dificuldade de encontrar, apesar de toda a ginástica feita, datas livres que sejam comuns a todos os membros de cada grupo, para que alguns desses jantares acabem por não se concretizar, pelo menos até ao Natal. E facilmente passo de um mês com dez destes compromissos, para uma semana com apenas dois almoços (sendo que um deles é na hora do patrão) e um jantar, talvez dois…

Mas o drama não termina aqui. É preciso escolher o restaurante e como esta situação, pelas minhas contas, atinge aproximadamente 68,9% da população da cidade e arredores, a tarefa continua difícil, sendo que toda a gente sabe que encontrar um restaurante digno na altura das festas é quase impossível. Ok. Vamos então ver se a magia do Natal funciona: ligamos para os nossos restaurantes preferidos, onde podemos ir com um grupo sem que toda a gente olhe para nós como se fossemos extraterrestres, mas onde também não temos de dançar a “boquinha da garrafa” para sermos melhor servidos. Resposta: “Temos as reservas todas preenchidas. Se tivesse ligado mais cedo…”. Isso queria eu, se pudesse! Era sinal de que não me tinha chateado tanto! Mas, adiante porque é Natal e ninguém pode levar a mal. Passamos para o plano B: pesquisa na net. Tudo cheio. E ainda dizem que estamos em crise… Plano C, D, E, XPTO! E a única solução que encontramos é a churrasqueira brasileira, totalmente adequada às festividades, onde seremos servidos ao som de um sambinha em volume máximo, dançado por umas meninas demasiadamente bronzeadas para esta altura do ano, apenas vestidas com discretos enfeites de Natal. Ainda que contrariados, lá aceitamos porque o que estamos a fazer é por um bem maior: a reunião de velhos amigos!

E quando pensamos que tudo está tratado e nada mais pode acontecer, eis que se aproxima o dia do jantar da empresa e não temos o que vestir. Devia haver uma regra onde proibissem eventos formais no inverno. Não que não possa ir de calças de ganga e uma camisolinha de lã, até porque não há dresscode definido, mas mal penso no local e na passagem de modelos que foi nos anos anteriores, até me dão arrepios! Começo a explorar o meu armário (devia haver um motor de busca para estas coisas): "apertado", "desactualizado", "curto", "não tenho sapatos a combinar", "não tenho casaco a combinar", Ai!!!! E lá vou eu, de mala ao ombro e mau humor na alma, comprar uns sapatitos com um salto de 13cm que, tenho a certeza, ainda a caminho do jantar e a tilintar como os sinos de um coro de Natal, já me terei arrependido 5 vezes de os ter comprado e de não ter levado as calcinhas de ganga, a camisola de lã e as botas rasas. Está feito e nem penso mais no assunto. Recupero no dia seguinte. É verdade! No dia seguinte não posso, porque mesmo que chegue a casa às 3h30 da manhã, no dia seguinte há que picar o ponto às 8h30... da madrugada!

Resumindo: nestas alturas é que gostava de ser homem! Todo este drama tinha sido facilmente resolvido por eles em três tempos. Para começar, nunca iriam a 10 jantares, tentavam agrupar alguns. Depois, “só faz falta quem cá está”. Em seguida, para comer qualquer lugar serve, e se houver umas brasileirinhas à mistura, tanto melhor. Quanto à indumentária formal, o mesmo fato, a mesma camisa e a mesma gravata de todos os anos anteriores estaria muitíssimo bem.

Às vezes acho que os homens são bem mais felizes do que as mulheres...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

28 Vezes Natal

Antes de mais, devo advertir que este texto, se não for lido ao som de uma música de Natal bem alegre, corre sérios riscos de perder metade do interesse e adquirir o dobro do aborrecimento, até porque a palavra Natal e suas derivadas são aqui repetidas 27 vezes. Desta feita, recomendo a sua leitura ao som da seguinte trilha (mas baixinho, para não ficar a doer muito a cabeça):




Esta é uma época particularmente agradável para mim. Quando acabam as férias e os dias são encurtados pelo frio, pela chuva e pelo vento, inauguro a contagem decrescente para o dia 1 de Novembro. 1 de Novembro?! É certo que o Advento só tem início a 1 de Dezembro, mas quanto mais longa for esta época, melhor! Alcançado este dia, a partir do qual os hipermercados começavam a estar abertos de manhã à noite, todos os dias, repetindo indefinidamente promoções natalícias e cânticos da época, reinicio a riscagem dos dias no calendário, agora até ao dia 1 de Dezembro, para poder montar o pinheirinho, cumprindo todos os preceitos da tradição. Esta tarefa será repetida, seguramente, mais 20 vezes até à véspera do Natal, dada a insistência das minhas feras em fazerem parte da sua decoração. E a partir daí, gostaria que o tempo parasse. Mas nem adianta pedir isso ao Menino Jesus porque os dias voam até ao dia 24 mais depressa do que as nove renas do Pai Natal na Noite Feliz.

Adoro o Natal pela mesa na Consoada, preenchida pelas pessoas que amamos, apesar de faltar sempre alguém importante, por muito grande que seja a mesa.

Adoro o Natal pelo cocktail de cor e luz que banha a cidade, gerado pelas iluminações de rua (cada vez mais humildes), pelas decorações das montras ou simplesmente pelo amontoado de pessoas que pinta as principais ruas comerciais com os casacos, as camisolas de lã e os sacos das compras. E como gosto das cartolinas fluorescentes a anunciar as promoções (como se estivéssemos no talho e se se tratasse de bifes da vazia ou de costela mendinha) e das luzes descaracterizadas e exageradas (que às vezes mais fazem lembrar uma festa popular do que uma religiosa).

Adoro o Natal pelo canto da lenha ainda húmida a crepitar e pelo perfume encorpado que exala através das chaminés fumegantes.

Adoro o Natal pelas canções natalícias criadas pelas rádios onde, utilizando a ironia, a comédia e os seus débeis talentos artísticos, conseguem sempre contextualizar esta festa na conjuntura actual, sem que fiquemos deprimidos.

Adoro o Natal pela 1ª coisa que faço, todos os anos, quando acordo na manhã do dia 25 de Dezembro: comer uma rabanada em jejum, seguindo-se 3 goles de Coca-Cola, ainda com a boca a parecer uma folha de papel cavalinho, devido aos doces que se comeram até tão tarde, na véspera.

Adoro o Natal pelos jantares que se fazem, que nunca se fazem, e por aqueles que só se farão lá para Janeiro ou Fevereiro… com sorte! E gosto também das prendas intrépidas para o “Amigo Oculto” que acabam por tornar estas ocasiões ainda mais divertidas, dado o baixo valor orçamental acordado. E já dei e recebi de tudo: latas de atum, peças de fruta, lixo nuclear, autocolantes, etc…

Adoro o Natal pela música. Esta é uma época em que ponho de lado a minha faceta mais tendenciosa no que concerne ao ouvido.  Os clássicos são os meus preferidos: ”Holy Night”; “Jingle Bells”; “Rockin’ Around the Christmas Tree”; “Rudolph the Red Nosed Reindeer”; “We Wish You a Merry Christmas”; “Let it Snow”; “The Twelve Days of Christmas”. Depois há também aquelas músicas que sempre fizeram parte do repertório das festas de Natal da escolinha e que adocicam com um toque de nostalgia esta quadra: “Noite Feliz”; “Pinheirinho”; “Glória”; “A Todos um Bom Natal”; “Alegrem-se os Céus e a Terra”. E finalmente as músicas mais pop/rock, onde há até um lugar para as britneys, as mariahs e as celines, porque mesmo elas merecem celebrar esta ocasião: “Feed the World”; “All I Want For Christmas Is You”; “So This is Christmas”.

Adoro o Natal pelas crianças! Tenho memória de todos os Natais terem sido passados com estas pessoas pequeninas que conservam acesa a chama do espírito de Natal e firme a vontade de manter todas as crenças. Vibro com a ansiedade dos mais novos que perguntam, de cinco em cinco minutos, “Ainda falta muito para o Pai Natal chegar?”, ainda que não tenhamos acabado de jantar. Tenho palpitações ao antever as reacções aos presentes que vão receber, sabendo que alguns saboreiam mais o ritual da sua entrega individual (ao mesmo tempo que reconhecem traços familiares naquela figura mítica de barriga tão proeminentemente almofadada), do que propriamente a sua fruição. Os seus sorrisos, a sua excitação e a sua alegria são, decididamente, um dos ingredientes fundamentais para que continue a acreditar no Natal.

E adoro o Natal por todas as recordações que fui guardando ao longo destes 28 anos:

- a noite passada a cantar e a receber moedas, imediatamente depositadas no meu mealheiro do Snoppy, que seriam, dias mais tarde, religiosamente distribuídas pelos pobrezinhos espalhados pelo centro da cidade (quando a verdadeira pobrezinha era eu, que ganhava dinheiro a cantar com apenas 2 ou 3 anos, com o consentimento dos pais e familiares);

- a surpresa e o orgulho de, ao chegar a minha casa depois das festas, ver que o velhinho barrigudo também por ali tinha passado, porque naquele ano tinha-me portado realmente bem e merecia receber prendas em dois lugares diferentes;

- a abertura de algumas prendas antes do dia, depois de me deixar corroer totalmente pela curiosidade, acreditando sempre que os meus pais não notariam, mesmo quando, ao descolar, a fita-cola trouxesse agarrada a si um “Feliz N”;

- a coincidência do Pai Natal chegar sempre no momento em que nos mandavam brincar na sala, enquanto a minha avó varria a cozinha (onde estava a grande lareira que aquecia os nossos Natais e por onde desciam todos os presentes), sem que alguma vez lá se tivesse queimado;

- a felicidade das minhas pupilas gustativas no momento em que recebia “O” bonequinho cor-de-rosa e transparente cheio de ovinhos “kinder choco bons”, ano após ano;

- as barrigadas de risos que tínhamos de abafar, quando ficávamos com os primos a jogar “Pictionary” pela noite dentro, porque um só traço não pode, nunca, querer ilustrar um foguetão, e um círculo jamais será o rato Mickey;

- o sacrifício de comer duas lascas de bacalhau cozido, um quarto de batata “pequena, mãe, quero uma pequenina” e um ovo, só conseguido tendo em mente as rabanadas, as prendas e o Pai Natal, juntamente com o Menino Jesus, todos a olharem para mim.

Enfim… Tantos e tão bons momentos que têm de ser perpetuados na minha memória para que continue a acreditar, e sempre com a mesma intensidade, na magia do Natal!

E isso é o que mais importa nesta altura: conservar os ícones e as lembranças que transformam o Natal numa época mágica, em que queremos reunir todos os que amamos e dar um bocadinho de nós a todas as pessoas que precisam, mantendo este sentimento pelo maior período de tempo possível. E é também por este motivo que mantenho à vista, durante todo o ano, um presépio: para me recordar que “O Natal é quando o Homem quer”.

Feliz Natal!