sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Foste convidada/o...

Com o frio que aqui vai, hoje resolvi almoçar no trabalho, o que me deixou algum tempo para partilhar neste espaço o que me tem vindo a incomodar nos últimos dias.

Já aqui falei sobre o que gosto no Natal e uma dessas coisas é os jantares (quando se realizam e sobretudo quando não precisamos de vestir um fato de super-herói para que aconteçam).


Esta é uma quadra em que os jantares comemorativos da ocasião se multiplicam. Senão vejamos: Tenho quatro jantares da faculdade, um jantar do liceu, dois jantares de cursos de formação, um jantar de amigos, um jantar da empresa e um do sector onde trabalho. Graças a Deus que a crise se instalou e não tenho de ir aos jantares do maridão! Bem vistas as coisas, esta é uma altura com muito potencial para quase não conseguirmos ver as pessoas com as quais coabitamos.

Desde o início das conversações, foram trocadas três dúzias de e-mails (no caso de um grupo pequeno), alteraram-se as datas de metade dos outros eventos, criaram-se “enquetes” para que, online, possamos ver a disponibilidade de toda a gente, meteram-se dias de férias, trocaram-se jantares por almoços e dias da semana por sábados e domingos. Enfim… A seguir à compra das prendas, este é o verdadeiro drama de Natal. Valeu-nos a dificuldade de encontrar, apesar de toda a ginástica feita, datas livres que sejam comuns a todos os membros de cada grupo, para que alguns desses jantares acabem por não se concretizar, pelo menos até ao Natal. E facilmente passo de um mês com dez destes compromissos, para uma semana com apenas dois almoços (sendo que um deles é na hora do patrão) e um jantar, talvez dois…

Mas o drama não termina aqui. É preciso escolher o restaurante e como esta situação, pelas minhas contas, atinge aproximadamente 68,9% da população da cidade e arredores, a tarefa continua difícil, sendo que toda a gente sabe que encontrar um restaurante digno na altura das festas é quase impossível. Ok. Vamos então ver se a magia do Natal funciona: ligamos para os nossos restaurantes preferidos, onde podemos ir com um grupo sem que toda a gente olhe para nós como se fossemos extraterrestres, mas onde também não temos de dançar a “boquinha da garrafa” para sermos melhor servidos. Resposta: “Temos as reservas todas preenchidas. Se tivesse ligado mais cedo…”. Isso queria eu, se pudesse! Era sinal de que não me tinha chateado tanto! Mas, adiante porque é Natal e ninguém pode levar a mal. Passamos para o plano B: pesquisa na net. Tudo cheio. E ainda dizem que estamos em crise… Plano C, D, E, XPTO! E a única solução que encontramos é a churrasqueira brasileira, totalmente adequada às festividades, onde seremos servidos ao som de um sambinha em volume máximo, dançado por umas meninas demasiadamente bronzeadas para esta altura do ano, apenas vestidas com discretos enfeites de Natal. Ainda que contrariados, lá aceitamos porque o que estamos a fazer é por um bem maior: a reunião de velhos amigos!

E quando pensamos que tudo está tratado e nada mais pode acontecer, eis que se aproxima o dia do jantar da empresa e não temos o que vestir. Devia haver uma regra onde proibissem eventos formais no inverno. Não que não possa ir de calças de ganga e uma camisolinha de lã, até porque não há dresscode definido, mas mal penso no local e na passagem de modelos que foi nos anos anteriores, até me dão arrepios! Começo a explorar o meu armário (devia haver um motor de busca para estas coisas): "apertado", "desactualizado", "curto", "não tenho sapatos a combinar", "não tenho casaco a combinar", Ai!!!! E lá vou eu, de mala ao ombro e mau humor na alma, comprar uns sapatitos com um salto de 13cm que, tenho a certeza, ainda a caminho do jantar e a tilintar como os sinos de um coro de Natal, já me terei arrependido 5 vezes de os ter comprado e de não ter levado as calcinhas de ganga, a camisola de lã e as botas rasas. Está feito e nem penso mais no assunto. Recupero no dia seguinte. É verdade! No dia seguinte não posso, porque mesmo que chegue a casa às 3h30 da manhã, no dia seguinte há que picar o ponto às 8h30... da madrugada!

Resumindo: nestas alturas é que gostava de ser homem! Todo este drama tinha sido facilmente resolvido por eles em três tempos. Para começar, nunca iriam a 10 jantares, tentavam agrupar alguns. Depois, “só faz falta quem cá está”. Em seguida, para comer qualquer lugar serve, e se houver umas brasileirinhas à mistura, tanto melhor. Quanto à indumentária formal, o mesmo fato, a mesma camisa e a mesma gravata de todos os anos anteriores estaria muitíssimo bem.

Às vezes acho que os homens são bem mais felizes do que as mulheres...

1 comentário:

  1. Almoços, jantares, vestidos, sapatos... Drama, drama, drama...
    A tua frase de conclusão diz tudo!! :)
    Beijo

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