domingo, 27 de fevereiro de 2011

Crónica de uma lombalgia anunciada-Parte I

E elas voltaram! Ao fim de tantos meses, de tantas teorias e de tantas formas de tratamento, as minhas dores nas costas voltaram. Creio que a culpa tenha sido da senhora da avaliação de spa que despertou o gigante há muito adormecido, quando me convenceu a comprar uma massagem enquanto provocava danos catastróficos na minha cervical. Que maneira tão adequada e convincente de vender um produto! Pois muito bem! As contracturas voltaram e com elas uma necessidade insaciável aplicar pontos de pressão que me alivie um pouco as dores. Desta feita, voltou a ser muito comum encontrarem-me com as costas encostadas à aresta de uma parede, de um móvel ou de uma porta, em movimentos de fricção agressivos e repetitivos, tal qual um cão rafeiro com sarna, a coçar-se num muro de pedra. Que visão!!!

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Inevitavelmente, a recordação da crise de coluna da qual padeci há cerca de um ano abateu-se sobre mim, e com ela a imagem do fatídico dia em que tive de ir de urgência para o hospital, sozinha, em lágrimas e com a depilação por fazer! E passo a partilhar neste espaço este que foi, provavelmente, o momento fisicamente mais doloroso de que tenho memória.

07:25 O relógio-despertador toca – situação de agradável conforto porque ainda é cedo para por o pezinho fora da cama e deixo-me adormecer.

07:30 – O relógio-despertador toca pela 2ª vez. Procuro o comando da televisão para iniciar o processo da alvorada no meu cérebro, embora não o encontre (ao comando e, por consequência, ao cérebro também), e volto a cair no “vale dos lençóis”.

07:35 – O relógio-despertador toca pela 3ª vez. Volto a procurar o comando e, em desespero de causa, o maridão levanta-se para o procurar porque está a ver que, sozinha, não chego lá.

07:40 – O despertador do telemóvel do maridão toca e eu faço um enorme esforço para tentar ver o boletim meteorológico. Volto a adormecer, mais ou menos ali na cidade de Braga.

07:45 – No meu telemóvel surge o 1º alarme e penso “Não preciso de me levantar já se ficar aqui a planear o processo da selecção da indumentária”. E adormeço logo na camisola.

07:50 – Pela 2ª vez o meu telemóvel desperta e nem me digno sequer a mandá-lo calar. O bichinho, ofendido pelo desprezo e pelo abandono, resigna-se ao seu silêncio e deixa-me entregue à preguicite aguda.

08:10 – Toca o 2º alarme do telemóvel (o que perfaz 4 alarmes diferentes que tocam de manhã no meu quarto) e eu, ao som de uma sinfonia de galos a cantar à desgarrada, sou avisada por uma mensagem intermitente no seu visor que diz que adormeci e que vou ter que fazer a minha rotina matinal ao estilo “100 metros livres”. Lá me levanto aos tropeções e consigo bater o meu recorde pessoal de ficar pronta em 10 minutos, ainda que vá trabalhar de “cara lavada”, que vá vestida como se fosse à feira comprar coisas para fazer uma sopa e que não tenha tido tempo para, sequer, por uma maçã na mala.

8:20 – Sento-me no sofá para me calçar quando, no preciso momento em que me preparo para começar a subir o fecho eclair da bota direita, sinto que um qualquer músculo lombar engoliu um isco de pesca cujo anzol é bruscamente puxado enquanto a minha visão fica inexplicavelmente inoperacional. Apetece-me gritar de dor, mas a verdade é que esta invadiu de forma tão violenta todo o meu corpo, que não consigo chamar por auxílio. Seguem-se horas de absoluto pânico!

8:21 – Ok, não foram bem horas, mas a mim pareceram-me, seguramente, séculos! O maridão, qual D. Quixote de la Mancha, cavalga na direcção do moinho feito dragão e eis que  se aproxima finalmente o momento em que recebo o apoio necessário para me conseguir recompor. E não é que ele substitui as doces palavras por que tanto ansiava por um rude “Há tanto tempo que te andas a queixar das costas… Estava-se mesmo a ver, não achas? Já devias ter ido a um médico a sério há muito tempo!”. Na verdade, já tinha ido várias vezes ao médico lá do trabalho, mas ele achava sempre que não havia nada melhor do que uma boa dose de benzodiapezinas mascaradas de relaxantes musculares para resolver o meu problema de "origem nervosa", mas nem isso punha fim ao meu tormento. E as dores deste ataquinho estão a ser de tal forma insuportáveis que não tenho a força necessária para contra-argumentar e acender a discussão e lá chega a luzinha branca do desespero.

08:24 - Depois vem o golpe fatal do “Vamos ao hospital”, como se essa pergunta activasse uma fobia aos médicos e dissipasse imediatamente todas as dores e a vontade de ali estar a “ganir” no meio do chão, toda empenada e desejosa de me lavar em lágrimas. Mas é nesse momento que me encho de orgulho e que lhe digo que sim, que vou, mas sozinha! E que antes vou trabalhar. Ai mulher do carago!!

08:35 – Ao cabo de um bom pedaço de dor, suor e lágrimas contidas, consigo finalmente equilibrar-me nas minhas duas pernas e, adoptando a postura do “Corcunda do Notre-Dame”, alcanço a minha viatura. E, como uma desgraça nunca vem só, as chaves caiem ao chão e é absolutamente impossível conseguir apanhá-las sem que o pescador volte a puxar pelo isco… Sozinha e em sofrimento total, rendo-me às lágrimas que me caiam aos pares a cada milímetro que me dobro.

08:40 – Com as chaves na mão e mais meia dúzia de guinchos para conseguir meter toda a minha pessoa dentro do veículo, dirijo-me ao meu local de trabalho, que felizmente fica muito perto de casa.

08:50 – Rezando ao Jesus para que ninguém se meta no meu caminho, me ultrapasse, nem tente meter-se na minha faixa, sem olhar uma única vez para os espelhos (porque isso era sinónimo de muita dor), consigo chegar ao meu destino. Mas, ao fim de umas 10 tentativas malogradas de me sentar na minha cadeira, os meus colegas percebem que eu não estou em condições para ali estar, oferecendo-se rapidamente para me acompanhar às urgências.

09:00 – Rendida à auto-comiseração decido que, se calhar, talvez não seja assim tão má ideia ver o que tenho, mas mantendo o orgulho que tão bem me estava a assentar neste dia, e que até ao momento não me tinha servido de absolutamente nada, declinei o apoio. É então que, no meio dos suspiros, dos “ais” e dos “uis” lembrei-me de uma coisa verdadeiramente crucial neste momento: não tinha a depilação das pernas feitas! E por muito que me tenha custado recusar a ajuda lá voltei a casa para cumprir com as minhas obrigações de mulher moderna e sempre cuidada.

09:10 – Chego a casa, mais propriamente ao quarto, sento-me para desapertar novamente as botas e eis que se assola a verdadeira catástrofe. O derradeiro puxão do anzol e fico completamente paralisada, deitada na cama e toda curvada e percebo finalmente o quão estúpida foi a minha preocupação com a pequena penugem que poderia ser avistada no hospital, no momento de ser observada.

09:30 – Resolvo deixar-me de orgulhos feridos, porque já tinha ferimentos que chegasse, e ligo à minha metade boa. Percebo que acaba de entrar numa reunião e que tenho que me desenrascar, agora, completamente sozinha.

E, sem prejuízo de alguém ter uma infecção muscular provocada por más posturas pelo tempo que passou a ler este post, fico por aqui. Prometo contar o resto deste terrível dia, desejando que as pequenas contracturas (que me estão a impedir, neste momento, de perpetuar aqui o meu testemunho) não sejam a anunciação de uma lombalgia, de uma crise de coluna ou de uma qualquer enfermidade que antecipe o fim dos meus vintes.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

As cores do meu Céu

Cheguei à brilhante conclusão que há dias de todas as cores. Acabei de ver um comentário de uma amiga minha no Facebook que dizia “Adoro o Porto, mesmo nesses dias brancos”. Não sei se é uma expressão característica de alguma região, ou não, mas a verdade é que não podia estar mais correcta.


Graças à minha enorme aptidão para inventariar no meu cérebro uma série de coisas, como as emoções, as músicas, os filmes e as viagens, entrelaçando-as umas nas outras (ver um arroz anterior), também a meteorologia, que tanta ascendência tem sobre a minha forma de estar, teria de ficar perfeitamente enquadrada no meu pensamento. Além disso, tenho um comportamento obsessivo-repetitivo com tendências monocromáticas na maneira como me visto, daí que a cor tenha uma influência tão significativa para mim e que goste tanto de a ver ao meu redor.

Quis fazer aqui um exercício. Vou começar por escrever as cores que o meu céu tem, a que se seguirá a explicação mais ou menos lógica da atribuição dessa cor. Em seguida vou indicar qual o meu estado de espírito nesses dias e finalmente, o significado que a psicologia dá a cada uma dessas cores. Vamos ver como fica.

BRANCO

Hoje está, efectivamente um dia branco. Não chove, não se vê o sol, mas as nuvens estão limpinhas e dá para perceber que há uma luminosidade agradável no ar, especialmente se o branco sucedeu a uma série de dias em que parece que o céu vai cair na nossa cabeça – dia preto. A nível emocional é um dia completamente neutro e costuma ser nestas alturas que arrumo o armário e as gavetas, ordeno por ordem alfabética os meus CD’s e limpo as juntas dos azulejos.
"O branco associa-se à ideia de paz, de calma, de pureza. Também está associado ao frio e à limpeza. Significa  inocência e pureza" – confirmado (isto começa bem).

VERDE

Esta é a minha cor de eleição. Adoro ver esta cor à minha volta e quem me conhecer atesta com toda a veracidade a minha afirmação. Associo esta cor ao apogeu da primavera, às noites em que acordo às 3h30 da manhã com os melros a cantar no peitoril da minha janela (calando-se mais ou menos à hora em que tenho que me levantar para ir trabalhar), e aos passeios no campo que despertam os primeiros sinais de renite alérgica. São estes os dias mais favoráveis para fazer o que quer que seja, uma vez que são indicadores de que o Inverno já lá foi, apesar de poderem activar em mim um apetite adormecido de comprar sandálias e sabrinas.
"O Verde significa vigor, juventude, frescor, esperança e calma" – confirma, confirma, confirma, confirma, já a última é que é mais difícil…

PRETO

Esta cor descreve na perfeição estes últimos dias por causa da chuva, do granizo, do vento e do mar todo eriçado. Não é à toa que os brasileiros chamam “pancadas” aos aguaceiros. Acordo sempre nestes dias com um desejo secreto de estar com uma amigdalite.
"O preto está associado à ideia de morte, luto ou terror, no entanto também se liga ao mistério e à fantasia, sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa sofisticação e luxo. Significa também dignidade" – mais ou menos confirmado no que diz respeito ao terror, sendo que não vejo luxo nem dignidade nenhuma em querer ficar em casa o dia todo com o pijama vestido.

CINZENTO

Dias e dias intermináveis de chuvinha miudinha, “molha-tolos”, acompanhada por temperaturas amenas, que nos põe o cabelo em carapinha porque achamos que não vale a pena abrir o guarda-chuva. Nestes dias a roupa não seca antes de começar a cheirar a mofo e os desumidificadores fazem horas extraordinárias. Estado de espírito potencialmente irritativo.
"O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressão, mas é também uma cor que transmite estabilidade, sucesso e qualidade" – não tem nada a ver… mas isto é como nos horóscopos onde, com algum esforço, conseguimos sempre identificar-nos com alguma coisa que lá venha escrita.

VERMELHO

Infelizmente esta cor é sinónimo, para mim, de que o “céu está a arder”. Naqueles dias de vento tórrido em que os incêndios atingem o descontrole total, o fumo é tanto que esconde todo o esplendor do sol, restando apenas uma auréola avermelhada, sofrida e deprimente. Nestes dias falta-me o ar e a energia, ao mesmo tempo que fico impaciente e ansiosa.
"O Vermelho é a cor da paixão e do sentimento. Simboliza o amor, o desejo, mas também simboliza o orgulho, a violência, a agressividade ou o poder" – idem, idem, aspas, aspas.

AMARELO

Estes dias costumam aparecer lá para Maio, que desde pequena conheço como o mês das trovoadas. Nessa altura, se pudesse escolher um mês para hibernar, seria precisamente esse, tal era a minha aversão a estes fenómenos. E esta repulsa não se prendia apenas com aos trovões e os relâmpagos, mas também com esta cor amarelada, como se o próprio céu estivesse hepático e tivesse a necessidade de vomitar cá para baixo tantos raios e coriscos, libertando-se daquela aflição. Este é um péssimo dia para me dizerem que estou gorda, que tenho a camisola descosida, que o IVA vai aumentar ou que tenho de me despachar para fazer o que quer que seja.
"O Amarelo transmite calor, luz e descontracção. Simbolicamente está associado à prosperidade. É também uma cor energética, activa que transmite optimismo. Está associada ao Verão" – e este exercício de comparação começa a revelar-se uma péssima ideia…

AZUL

O típico dia de Verão. Céu limpo. Muito sol. Muito calor. E um mar calmo e convidativo a banhos. Evidentemente que faço uma associação directa desta cor às férias e por isso não poderia estar mais bem-disposta. É um óptimo dia para tomar decisões importantes (e é neste momento que este post adquire oficialmente uma semelhança plagiada com um horóscopo de um jornal de distribuição gratuita).
O Azul é a cor do céu, do espírito e do pensamento. Simboliza a lealdade, a fidelidade, a personalidade e subtileza. Simboliza também o ideal e o sonho. É a mais fria das cores frias – pois… a parte do céu… mas se fizer um esforço muito grande… as decisões… o sonho… Não, não vale a pena!

BRILHANTE

Estes dias são raríssimos para mim porque onde vivo nunca neva. Não consigo sair à rua sem os óculos de sol, o cachecol, as luvas térmicas, a “termotebe”, as meias calças, o fato da neve, os protectores de orelhas, o batom de cieiro, os lenços de papel e mais qualquer coisita que se arranja sempre. Mas gosto mesmo destes dias, ainda que fique com os olhinhos fritos pela luminosidade. Esta é também uma cor de férias, neste caso, férias de Inverno. Como normalmente são acompanhadas por alguma actividade física intensa na neve, seguida de um banho relaxante e uma soneca revitalizante, significa para mim descontracção e reabastecimento de energias. 
Como é óbvio, não encontrei nenhum significado por não se tratar de uma cor real.

Perante esta panóplia de estados de espírito penso que o diagnóstico só possa ser este: transtorno bipolar. Mas adiante, porque tristezas não pagam dívidas.

Descobri outra coisa curiosa. Segundo o que pude averiguar, a palavra horóscopo deriva do grego e significa “observação do tempo”, por isso, qualquer semelhança entre esta minha análise e a futurologia prevista pela "bola dji cristau" do maridão (lamento, mas esta é só para alguns) não são puras coincidências. Com este propósito, andei mais um pouco à cata e consegui encontrar uma relação entre o dia no nosso nascimento e a cor da nossa personalidade. E, como sempre, a coerência esteve do meu lado: VERDE. Duvido que esta atribuição seja de carácter científico, racional, mas isso não interessa quando estou aqui a estabelecer uma relação directa entre a cor do MEU céu e a minha vontade de ordenar as minhas meias por cor, tipo e estado de conservação.

Já agora, e para rematar, mais um grãozinho de arroz que caiu do meu céu: existe uma coisa chamada cromoterapia. Não, não se trata de uma forma de tratamento de indivíduos socialmente excluídos, com níveis de aprendizagem elevados e uma enorme capacidade para elaborarem piadas sobre reacções químicas e sobre o funcionamento intestinal no meio do primeiro encontro. Trata-se sim de melhorar a nossa qualidade de vida através da emissão de luzes coloridas, adequadas à maleita a que pretendemos pôr termo. Ou seja, utiliza luz e cor, os mesmos ingredientes que utilizei para confeccionar a minha teoria das cores dos dias, ainda que com efeitos diferentes. Talvez um dia ainda receba um Nobel por esta magnífica descoberta...


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O caminho para a inspiração

Será que às vezes parece que me falta inspiração e tempo para escrever? Calúnias! São só as artroses... no cérebro!!! O que vale é que logo vai haver futebol e vou ter um tempinho de qualidade só para mim. O combinado é um post "digno", pelo menos, por semana. Por isso estou aqui a pedir às estrelinhas do meu céu alguma iluminação para conseguir cumprir com este meu propósito. O tema já está na forja. Vamos lá ver se sai alguma coisa (de jeito)...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

OK - Código - OK

Sou uma daquelas pessoas que ficam fulas da vida quando lhes querem dar a volta para comprar algo de que não precisam. Sempre que me começam a vender a banha da cobra, embrulhada no mais fino chiffon de seda, e me obrigam a decidir, na hora, se quero ou não aderir ao clube dos tansos, começa a passar-me uma luz branca à frente dos olhos. Depois a vista fica turva, seguidamente com picos e finalmente apodera-se de mim uma vontade incontrolável de utilizar a radiação ultravioleta, que entretanto foi gerada pelo nervo óptico, e fulminar o “vigário” que está à minha frente. Por isso, nunca comprei nenhum colchão que trouxesse, como oferta, um trem de cozinha, um equipamento de limpeza a vapor, um serviço de jantar “cozinha velha” de 99 peças, um faqueiro banhado a ouro de 1 quilate e meio, uma máquina de cozer ovos, uma máquina de passar a ferro sentada, uma máquina de aparar os pelos do nariz, e outros que tais que, por vezes, nem se sabe muito bem qual a sua utilização e importância. Por tudo isto, o discurso do “Por se tratar de uma promoção que termina hoje, tem de decidir agora, senão não terá direito às ofertas” não cola e saio sempre muito orgulhosa por não ter sucumbido ao delírio de um consumismo desenfreado, estimulado por técnicas de extorsão já gastas mas, ainda assim, sempre tão eficazes.

O meu problema é outro. Por exemplo, não consigo ir ao cabeleireiro sem trazer de lá qualquer coisa! E mesmo que ainda tenha uma caixa daquelas ampolas que evitam que o couro cabeludo desidrate com o stress do quotidiano,  com o frio e com os secadores, lá levo debaixo do braço um champô-leite hidratante para pelas ultra-sensíveis. E se vou à loja, é a mesma coisa: vou destinada a comprar apenas o champô e saio de lá com a máscara e o serum que têm, obrigatoriamente, de ser utilizados em simultâneo, não vá ficar careca. Já que lá estou, aproveito para trazer um verniz novo - que na verdade só é 1/8 de tom acima do último que tinha levado - e mais uma espuma de cabelo, desta vez para acabar com o demodé efeito molhado, conferindo um aspecto, sem qualquer sombra de dúvida, muito mais natural - tão natural, que nem parece que levou espuma nenhuma. Mas podia ser pior! A uns dá para a roupa, para os jogos de computador ou para o futebol. A mim dá-me para os champôs, para os cremes, para as maquilhagens e tudo o resto que tenha a ver com o bem-estar da pele, do cabelo e do corpo! Para isto e para as compras do supermercado! Mas isso é outra conversa… (Não sei porquê, mas de repente fiquei com a sensação de que, com estas palavras, transmiti uma ideia de futilidade extraordinariamente desenquadrada da actual conjuntura… Não é nada disso! Passo a explicar. Vou raríssimas vezes às compras. O problema é não utilizar as coisas que entretanto vou adquirindo…)

Referindo-me finalmente ao grão de arroz que caiu esta 2ª feira (juntamente com o temporal que assolou o país), passo a concretizar o motivo pelo qual hoje aqui estou. Depois de estudar as várias ofertas de ginásios, de ter resistido ao “para não pagar a jóia tem de se inscrever, impreterivelmente, hoje” e de ter feito uma tabela em EXCEL com as mensalidades, distâncias e vantagens e desvantagens da coisa, lá decidi inscrever-me num ginásio que fica…  “do outro lado da ponte”. Calma! Desta vez tem a sua lógica: posso frequentar um que existe perto do meu palácio, que pertence ao mesmo grupo. E lá fui eu ontem, debaixo da chuva, no meio do trânsito, para a “longínqua cidade em que eu não trabalho nem vivo”, a pensar que ia fazer uma avaliação física, de forma a tornar o meu treino mais eficiente. Surpresa das surpresas, afinal queriam fazer-me uma avaliação de SPA. Avaliação de SPA?? Estão a gozar comigo? A um dia 14 de Fevereiro? Com esta chuva e este trânsito? Aiiiii!!! Lá vem a luzinha branca outra vez... Enquanto aguardava pela terapeuta, consegui controlar a fúria e comecei a ensaiar em silêncio o discurso de alguém que “de modo algum me vão apanhar nesta, nem que vendam creme de baba de caracol”:
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  1. Desculpe, mas vou-me embora”;
  2. É inadmissível que eu tenha ligado para cá à hora do almoço a perguntar se era uma avaliação física e me tenham confirmado essa informação”;
  3. Esta atitude só mostra uma enorme falta de profissionalismo da vossa parte”;
  4. Chamarem uma pessoa cá ao engano para lhe venderem depilações, manicures e massagens…”.
Lá chegou a terapeuta e eu, ceguinha, ceguinha, entre olhos arregalados e tentativas para não me cuspir e espumar toda com a raiva, lá mostrei o meu desagrado (à excepção da parte das depilações e das unhas, claro, porque até nestas ocasiões é preciso manter o nível!).

Conclusão: comprei uma "Massagem de Pedras Quentes" para a minha metade boa… Coitadinho! Só fiz isso porque ele merece e um perfuminho parecia-me tão pouco! Até me fez um jantar romântico com massa filo em forma de corações, com entrada, prato principal e sobremesa! E acendeu, ao contrário dos seus princípios, velas! E das vermelhas! Merecia uma prendinha EXTRA, pela EXTRema dedicação e EXTRAordinário empenho! Ainda por cima a massagem está naquela lista das poucas coisas que compro, como os champôs e os cremes, uma vez que é em prol do bem-estar do corpo e da alma. Até devia dar para por no IRS, em despesas de saúde. Foi só por isso que me permiti  “ter sucumbido ao delírio de um consumismo desenfreado” e me deixei levar pelas “técnicas de extorsão já gastas”… Por isso e por uma massagem terapêutica que as minhas costas receberam como "incentivo" à compra!



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

9 Regras e 1/2 para manter a sanidade mental numa fila de supermercado

Ao longo da minha curta experiência de dona de casa tenho-me apercebido do quão complicado pode ser ir ao supermercado, sobretudo no que diz respeito às filas para pagar. Resolvi, por isso, criar um manual de boas regras e partilhá-lo aqui para que ninguém tome as mesmas más decisões que tomei, nem tenha que passar pelas mesmas extenuantes situações por que passo constantemente. “10 regras” é um clichê, pelo que decidi criar as “9 regras e 1/2 para manter a sanidade mental numa fila de supermercado” – a acrescentar que também não conseguia encontrar a décima…

1.    Evita filas com crianças.
As crianças são a coisa “mai linda” do mundo, mas quando resolvem embirrar com alguma coisa, cuidado! Este primeiro conselho que dou pode muito bem mudar para sempre a tua decisão de quereres, ou não, descendência. Procura filas com uma faixa etária mais adequada à tua. Senão, imagina este cenário: sábado à tarde, início do mês, 9º lugar na fila da caixa. Imediatamente à tua frente, está uma família também à espera de pagar a conta do supermercado. Até que seja a tua vez, terás que ouvir aqueles diabinhos cobertos com pele de anjo dizer 89 vezes que querem as pastilhas elásticas, os cromos e a garrafa de refrigerante que estão no expositor ao lado da caixa registadora. E é preciso ter alguma paciência com estas criancinhas (todas lambuzadas pelos chocolates que foram rapinando) que, durante seguramente 3 horas, estiveram expostas a uma enorme quantidade de atractivos, tendo-lhes apenas sido dado 8 ou 9 ítens. E, acima de tudo, é preciso preservar um enorme respeito pelos seus pais que, depois de tudo isto, ainda lhes conseguem dizer com a serenidade característica que a experiência lhes legou: “Se não te calas levas um estalo que até vês estrelinhas. Põe-te fino, pá, que eu até já nem te posso ouvir! Eu desfaço-te, ‘ouvistes’?”

2.    Nunca deixes passar ninguém à tua frente.
Quando estás com pressa, aparece sempre alguém ainda com mais urgência do que tu (pensa essa pessoa) e usa o argumento do “Importa-se que passe à sua frente? É só este pãozinho…”. Na tua boa vontade, cedes e o mais certo será essa pessoa não parar de ir buscar outros produtos enquanto está na fila. Já se sabe que para além do pão, conseguiu abastecer o cesto para fazer um mega jantar de família, excedendo o número máximo de artigos para utilizar aquela caixa expresso – ver ponto 4.

3.    Verifica sempre que os produtos têm o código de barras bem legível.
Esta regra aplica-se sobretudo aos produtos mais íntimos e para clientes mais tímidos. Se o produto não passar na máquina registadora logo na primeira tentativa, a operadora de caixa terá todo o prazer em ligar o altifalante e dizer, com a característica voz de supermercado (como se estivesse com o nariz entupido a cantar a melodia característica dos avisos nestes locais): “Funcionária do bazar é favor dirigir-se à caixa 10 para informar o preço do lubrificante feminino. Repito: lubrificante feminino à caixa 10.”. E apetece-te morrer.

4.    Evita as caixas expresso.
Mesmo que o letreiro indique “Número máximo de volumes: 10 unidades”, vai sempre aparecer alguém com um carrinho cheio com as compras do mês. E ainda que tenha olhado para esse painel 15 vezes e tenha lido o que lá está escrito, essa pessoa vai conseguir fazer aquele ar de surpresa quando lhe disserem que aquela é uma caixa expresso, ao que responderá: “Peço imeeeeeensa desculpa! Estou com tanta pressa que nem tinha reparado nessa plaquinha tão pequenina de 5 m2! Desculpem-me! A sério que não tinha visto. Importam-se que pague na mesma? Já tenho 2 litros de leite no tapete rolante e agora ia ser uma grande maçada ter que voltar a por tudo no carrinho…

5.    Evita as caixas exclusivas para pagamento multibanco.
Tal como nas caixas expresso, também aqui existirão sempre clientes com graves deficiências visuais pelo que no momento do pagamento irão começar a despejar todas as moedinhas pretas da carteira, ao que a funcionária lhes dirá que deverão pagar com o meio definido na placa escrita com letras garrafais. Se optares por esta caixa, seguir-se-á um belo momento lúdico em que terás a oportunidade de assistir a uma grande discussão sobre a relatividade do tamanho das letras, a lógica da existência desta restrição e a problemática da perseguição do Estado a todos os nossos movimentos, através do nosso cartão. O belíssimo espectáculo terminará com o abandono do cliente que deixou as compras todas na caixa e, consequentemente, uma grande confusão que demorará imenso tempo a arrumar até que o próximo cliente (tu) possa pagar a garrafa de água que lá foi comprar – da próxima vez vai à casa de banho e toma o comprimido com a água da torneira que te fará menos mal aos nervos, ainda que te possa provocar uma colite.

6.    Nunca fiques atrás de um carrinho com fruta ou legumes, numa grande superfície comercial.
Nos supermercados pequenos os produtos frescos são pesados nas caixas, pelo que muito boa gente se esquece que nas grandes superfícies essa operação deve ser feita antes. À bom português que se esquece de fazer isso, quando chegar à caixa, a mulher não se vai preocupar minimamente por ter mais 16 clientes à espera para pagar e vai pedir ao marido para lá ir pesar os 18 sacos de fruta e legumes. E apetece-te partir aquilo tudo!

7.    Analisa os utilizadores das caixas automáticas de pagamento antes de optar por esperar por utilizar uma delas.
Tem especial atenção quando decidires pagar as tuas pequenas compras numa destas caixas. Como tiveste a oportunidade de concluir até agora, nem tudo o que parece rápido, efectivamente o é. Muitas pessoas não fazem a mínima ideia de como a utilizar e está cientificamente provado que para pagar um pacote de guardanapos, podemos esperar até 5 minutos, momento em que o cliente percebe que existe um botão em que pode pedir ajuda a um funcionário. Este fará toda a operação por ele, mas demorando o dobro do tempo do que se estivesse a fazê-lo numa caixa normal, porque ainda lhe está a dar uma formação individual – “Como aprender a utilizar a caixa automática em 19 simples passos”.

8.    Evita as caixas reservadas a grávidas
Raramente se vê grávidas nesta caixa, daí que seja utilizada indiscriminadamente por todos. Até aqui, tudo bem. O único problema é quando aparece uma senhora… forte. Forte o suficiente para ficares em dúvida se ela estará realmente grávida, ou não. Ficas sem saber o que fazer. Resolves deixá-la passar, como pessoa educada que és, mas… E se ela não se encontra efectivamente grávida? Já viste a vergonha pela qual passarás? Então finges não a ter visto e aguardas por uma intervenção da sua parte, até que a senhora se cansa de esperar por uma atitude minimamente cívica da tua parte e resolve, sem sequer falar contigo antes, fazer um enorme alarido por não respeitarem as grávidas, o que faz com que toda a gente à tua volta olhe para ti com um ar reprovador, enquanto abanam a cabeça e fazem estalidos com a língua. E apetece-te desaparecer!

9.    Nunca mudes de fila, mesmo que estejas em 9º lugar e abra uma fila nova.
O mais provável é esta caixa ter aberto porque houve uma enchente de clientes para pagar e, para resolver o problema, resolveram chamar a funcionária dos frescos. Se optares por esta mudança vais-te aperceber rapidamente que fizeste uma péssima escolha. Ela vai estar constantemente a perguntar à empregada com a vastíssima experiência de 5 dias que também está a atender, mesmo ao lado dela: “Ó colega? Como faço para anular o código da banana da Madeira que pus em vez da maçã Reineta?”; “Desculpe, colega, mas não estava a ouvir o 'bip' e passei este ‘chicolate’ 8 vezes. Como é que apago isto?”; “Enter, colega? O que é isso, colega? É o código de barras, colega?”. Enfim! Em vez dos 4 minutos previstos na outra fila, vamos ter que esperar, pelo menos, 20 minutos para que o cliente que está à nossa frente pague os 4,37€ de compras que ali veio fazer.

Por tudo isto, vai ao supermercado APENAS se realmente necessitares, porque estudos de mercado podem ser feitos na comodidade do teu sofá, através da internet. Estuda com atenção todas as hipóteses e segue estas regras com cuidado. Preferencialmente, faz as compras online: evitas todas estas chatices e ganhas anos de vida!

E o 1/2 conselho final: quando a fila para pagar estiver um pouco confusa, nunca perguntes "É a bicha?", porque o mote para este post foi precisamente ter feito essa pergunta a um indivíduo de identidade sexual um pouco confusa...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

999


999 Visitas a este blog. Gosto muito deste número! Obrigada por terem vindo visitar o "Arroz do meu Céu"!


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A insustentável leveza do iPad

Hoje li um artigo que me despertou a atenção pelo título que envergava: “Escola norte-americana substitui livros por iPad”. Bonito! A tecnologia é, realmente, uma coisa absolutamente fantástica! Segundo o autor, as entidades que tomaram esta decisão consideram que os alunos carregam um peso excessivo, daí a necessidade de optarem por uma alternativa ergonomicamente mais adequada. 

Automaticamente, isto fez-me lembrar quando ingressei no 5º Ano. No primeiro dia, como toda a gente sabe (menos eu), nunca há aulas a sério. Era uma 2ª feira e só tinha aulas de tarde: História, Inglês, Matemática, Português e Ciências. Na altura era quase impossível ter os livros todos no início do ano porque as escolas atrasavam-se na emissão da lista de alunos novos, as editoras atrasavam-se na distribuição dos manuais, as papelarias atrasavam-se na sua entrega e nós atrasávamo-nos a ir buscá-los porque enquanto não houvesse livros, não havia TPC (quanta nostalgia ao ouvir este nome…) e as mochilas eram transportadas de forma muito mais confortável (sobretudo quando decidíamos brincar a um jogo muito estúpido em que, sempre que passasse um carro com o nosso número da turma na matrícula, tínhamos que carregar com todas as mochilas do pessoal). Mas voltando ao 1º dia de aulas, como aluna exímia que queria ser, lá fui eu para a escola com os livros... de Educação Musical, Educação Física e Educação Visual e Tecnológica, que normalmente nunca esgotavam porque pouca gente os comprava. Apesar de ter consciência que não me iriam valer de absolutamente nada, considerei que caso me questionassem sobre a minha falta de material facilmente poderia ser desculpada ao dizer que levava todos os livros que tinha, ainda que fossem os das disciplinas que não iria ter nesse dia. 

Mas como “não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe” lá chegou o dia em que tive a colecção completa de livros e, a partir daí, acabavam desculpas. E lá ia eu, nas minhas viagens diárias de 30 minutos a pé, sob o sol e sob a chuva, com calor e com frio, com vento ou com granizo, a carregar com uma mochila com 5 manuais, mais os livros de fichas, mais os cadernos, mais o equipamento de educação física, mais a toalha e as coisas para tomar banho, mais o material para as aulas de desenho, mais o lanche, mais o guarda-chuva, mais um par de meias extra “não vás ficar com os pés molhados com a chuva, filha”… 

Depois mudei de casa e a coisa ficou mais facilitada porque havia o autocarro. Mas não para muito melhor, principalmente quando era hora de ponta e as senhoras da 3ª idade me acompanhavam, ainda que o seu passe não lhes permitisse viajar nesse horário e ainda que pudessem ter escolhido qualquer outra hora para regressar a casa. Insistiam em acordar-me, com um (nada) subtil empurrão, depois de me ter levantado ainda de noite, depois de ter tido um dia totalmente preenchido com actividades curriculares e depois de me ter rendido ao cansaço num banco não reservado do autocarro. E eis que começava a lenga-lenga do costume, proferida com aquele sotaque típico de quem trabalhou muitos anos nas “vendas”: “Estes jovens de hoje, não fazem naaaaada! Passam o dia sem fazer nada na escoooola. Eles têm bom corpo para irem aqui de pé, porque são nooooovos. E eu, coitadiiiiinha, que fui beber um cimbalino à praaaaça, tenho de ir aqui de pé às cambalhoooootas. E ainda por cima andam com estes empecilhos montados nas coooostas que só atrapalham a geeeente, que nem conseguimos vir aqui descansaaaaaados, não vá levarmos com isto na caaaaaara. Deviam ir a pé para caaaaasa porque são nooooovos e assim nós já podíamos vir aqui descansadiiiiiinhos sem que o lanche nos saltasse do paaaaaapo. Da idade deles já vendia muito "xixarro" e não havia “otocarro”. Agora não aguentam nada!”. Bem… Chegava a um ponto que lá lhes dava o lugar só para não as ouvir. Mas isso não bastava porque mesmo depois de sentadas, continuavam insatisfeitas e retomavam a cantoria: “Não fez mais do que a obrigação deeeeela. Onde já se viiiiiiiu… Foi preciso falaaar. Esta canalha de hoje em dia…”. E o remédio era mesmo pegar na mochila, que mais parecia ser de um militar à 6ª feira, e entre encontrões e tropeções, mergulhar o mais possível nas profundezas do autocarro onde aquele discurso se ia desvanecendo com as conversas que se iam sobrepondo. 

ipedra
Em vinte anos como as coisas mudaram. Logo assim, para começar, os computadores eram algo que só faziam parte dos filmes de ficção. Acho mesmo que a minha escola não tinha um único exemplar e só recebi o meu primeiro “chaço” passados quase 5 anos, momento de absoluto arrebatamento. Era usado, tinha apenas 2Mb de RAM e quando comprei uma impressora digna de imprimir os relatórios das aulas de laboratório, simplesmente não tinha capacidade para a instalação do software da máquina. A única contrapartida que tive adveio do facto deste computador ter um sistema operativo tão antigo (Windows 3.1) a que ninguém estava habituado (já se usava só o Windows 95), pelo que fui a aluna melhor classificada de “Introdução às Tecnologias de Informação” – tive o único 20 da turma. Anos mais tarde, quando a utilização do computador era relativamente transversal à sociedade, havia ainda a misteriosa internet. Quando entrei na faculdade a minha aptidão para usar o “http://” era praticamente nula e tive mesmo de pedir ajuda à minha amiga Gisela quando quis quebrar estas barreiras. Mas ainda faltava muito para se atingir o ponto em que hoje estamos e de que fala o mote para este post. Três anos mais tarde comprei o meu primeiro portátil por necessidade, e não devido a um simples impulso consumista. Era uma coisa bonita de se ver porque a grande maioria dos alunos tinha de utilizar os muitos computadores que a faculdade colocava à sua disposição, mas que raras eram as vezes que não estavam ocupados com jogos em rede, o que tirava muita gente do sério. Quando tirei o computador da caixa pensava que vinha com defeito porque não tinha sítio para inserir disquetes (?!). Passado um ano TODA a gente tinha um portátil e quando comecei a trabalhar já havia 3 computadores em minha casa. Os pequenitos do primeiro ciclo já levam o “Magalhães” para a escola, por 50€, mesmo que os professores não os ensinem a tirar o melhor partido do equipamento e amanhã irão de iPad debaixo do braço para terem uma aula de gramática ou de álgebra.

ipod
Não sou contra os velhinhos, nem contra a evolução tecnológica. Mas espero que um dia ainda haja gente que saiba, pelo menos, assinar o seu nome sem utilizar a assinatura digital. E que ainda consiga ir ao supermercado comprar comida congelada sem deslocar um ombro, ou ter uma infecção muscular com o peso da embalagem… Mas, pelo menos, aliviem-se os pais porque nunca mais verão os sofás e as paredes pintadas com marcadores coloridos!