sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Casa dos Degredos

No seguimento do que falei na última publicação que aqui deixei, resolvi começar a divagar precisamente sobre um tema que não conheço, só para que os meus caríssimos reconheçam a minha polivalência!!! ;) E aqui vai ele, todo lançado, o assunto sobre o qual apresento uma despojada dificuldade em falar, uma matéria na qual sou uma completa leiga (e com algum orgulho). A verdade é que é tema de café, de elevador e de conversas telefónicas de administrativas, interrompidas sempre subitamente pela chegada do patrão. A sucessão de acontecimentos é ouvida no autocarro, no metro, no avião, na sala de espera do consultório médico e na fila dos correios. As novidades são partilhadas pelas vizinhas que se encontram nas varandas contíguas, quando estão a estender a roupa, e pelos colegas de equipa enquanto fazem o aquecimento para o encontro semanal da “peladinha”. Como se pode ver, é um assunto tão transversal a todos os contextos e a todos os níveis sociais, que me sinto uma perfeita extraterrestre por não ser capaz de mostrar qualquer tipo de entusiasmo e por não ter a capacidade de dar continuidade a uma conversa, por ausência de conhecimento da causa.

Para os mais distraídos como eu que ainda não tenham percebido, estou a falar da “Casa dos Segredos”. E para evitar que me peçam para falar sobre o assunto, vou já descarregar todo o conhecimento que tenho sobre a causa.

  • Sei que é mais um reality show que é apresentado na nossa televisão em horário nobre e que, por isso, passa a ser integrado no sistema de informação de todas as nossas criancinhas! E que frutífero que é estes pequenos humanos saberem que o mediatismo que uma figura pode ter é directamente proporcional não ao seu valor social, intelectual ou profissional, mas sim à capacidade (em litros) que as suas mamas ou glúteos aguentam! “Mas isso agora, não interessa nada!” – expressão repetida ao expoente pela apresentadora e satirizada num programa da concorrência que critica, de forma tão caustica e divertida, este programa de (des)entertenimento.          


    • Sei que já venho tarde, porque não é a primeira edição do programa e esta já deve estar a meio, mas ainda assim faz-me uma comichão terrível que se crie um programa que não tenha assunto nenhum. Basicamente, gira em torno de uma ou duas mãos cheias de homens e mulheres que não fazem absolutamente nada. Passam o dia a arrastar, de um sofá para o outro, os seus corpos plásticos e as suas mentes vagarosas, a posar para as câmaras e em estranhos rituais de acasalamento. A sério que não consigo compreender isto - mais depressa entendo um jogo em que 20 homens, que andam 90 minutos a correr atrás de uma bola, assim que a alcançam, ficam imbuídos de um espírito do além e, apesar de todo o esforço para a agarrar, atiram-na para outro lado qualquer.

    • Sei também que os concorrentes são escolhidos a dedo, ou seja, escolheram os porteiros de discotecas mais "inchados", as strippers mais "inchadas" também, as portadoras em estado terminal do síndrome de culturodificiência adquirido e as autoras do programa “Em Mau Português”.
    - “Estou ilusionada.” 
    - “Mas o que é que quer dizer ilusionada?” 
    - “Quer dizer que tenho um aleijamento. 

    • Apesar de terem namorados e amigas coloridas cá fora, andam todos enroladinhos uns com os outros porque estão carentes (de juízo, só pode ser), está um frio tremendo lá dentro (dada a carência, também, de roupa que envergam) e tudo o que fazem é apenas a pensar no jogo. Que é como quem diz, é estratégia, pura e simplesmente, para ganhar o dinheirito: "é tudo por ti, 'mor"! ;) 

      • Do pouco que vi, deu para perceber onde os criadores deste programa foram buscar a inspiração. À semelhança de um filme domingueiro - “EDtv” - quer os participantes, quer os familiares, amigos e ilustres inimigos, todos se encontram expostos à vontade sensacionalista de um programa que vive à conta do cochicho, da especulação e da queda da última réstia de moralidade que ainda possa existir. Não me admiraria nada se fossem buscar a educadora de infância de um deles só para descortinarem um qualquer acontecimento embaraçoso ocorrido aos 3 anos e meio, mas totalmente irrelevante para o caso, e assim continuarem a alimentar um apetite desenfreado de audiências - por exemplo, a criança ter confidenciado na escolinha que a empregada da mãe da cunhada da vizinha do 3º esquerdo estendia as cuecas rosa choque XXL rendadas do marido.

        • Esta história de distinguir pessoas com o mesmo primeiro nome utilizando apenas a primeira letra do segundo está a criar moda e nos infantários, nos escuteiros, nos liceus e nas catequeses, as criancinhas com nomes mais vulgares passaram a ser tratadas por "João Éme", Ana "Éle" e Luís "Pê" - fazendo lembrar nomes de máquinas industriais ou de medicamentos.

          Enfim… Dá para tudo! E mais não digo porque não sei e porque não tenho força nem vontade de ver este lixo televisivo (carne para canhão para os pobres de espírito que se alimentam, quais parasitas, da baixeza da condição humana), correndo já sérios riscos de ser bombardeada pelos meus queridos amigos que sejam espectadores assíduos deste espectáculo, a quem, desde já, peço desculpas se as minhas palavas causaram algum tipo de ofensa.

            

          E para quem gostar ou tiver curiosidade em experimentar só posso dizer isto:

          "Casa dos Degredos: o verdadeiro repasto gourmet com a melhor selecção do pior que cá dentro pode existir, ao alcance de um toque do seu telecomando".



          quarta-feira, 23 de novembro de 2011

          Desafios


          Apesar de ter dito que não escrevia para ninguém, só para mim, blá, blá , blá, a verdade é que a coisa se desvirtuou um pouco. Nestes últimos 4 meses em que a minha veia da escrita esteve (e continua a estar) canalizada para um outro projecto, tenho recebido alguns pedidos de satisfação de “clientes” assíduos deste blogue, reclamando o regresso de, pelo menos, uma publicação semanal, como outrora fora prática corrente. Pois bem! Uma publicação semanal, não consigo prometer, mas vou esforçar-me ao máximo para escrever o maior número de vezes possível. Mas para isso conto com a vossa ajuda: enviem-me uns grãozinhos de arroz para que possa escrever sobre eles. Já sabem, desde o estado do tempo ao corte do subsídio de Natal, prometo fugir à habitual crítica e salpicar com alguma ironia e humor, as trivialidades do nosso dia-a-dia. Só não escreverei se me pedirem para discutir o jogo para a liga dos campeões que deu ontem, ou sobre as previsões de quem vai ganhar a "Casa dos Degredos". Desafio os meus queridos amigos a desafiarem-me. Combinado?

          Aproveito o momento para informar que me rendi aos smartphones e que, perante a grandeza deste equipamento a minha mente assoberbou-se e quase arruinava este blogue. A verdade é que eliminei quase todas as imagens que as minhas publicações continham pelo que continuo com "obras cá em casa". E para além das imagens, também o fundo do blogue se perdeu. :( Assim sendo, quem tiver algo bem bonito que se enquadre, toca a enviar para o e-mail ou deixar no facebook.

          Obrigada a todos!!!