quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

3... 2... 1... 12!!!!

Todos os anos a praxe é a mesma. Uma panóplia de superstições para trazer a prosperidade é cumprida religiosamente no dia 1 de Janeiro. E como a crise não está para grandes brincadeiras, até mesmo os mais cépticos as seguem porque, já se sabe, “Eu não acredito em bruxas, mas que as há, há…”.

Vai entrar 2012, de modo que ficam aqui os 12 conselhos a seguir durante e após as 12 badaladas, garantindo assim o máximo êxito dos 12 meses que se avizinham!


1.      Fazer (muito) barulho
Um dos rituais consiste em acordar quem está a dormir nos antípodas com a “panelagem” toda a fazer barulho, muito barulho! Assim, se se quer um ano muito venturoso um dos segredos será sacar dos testos e das panelas até as furar com tanta pancada. No meu caso, como tinha caçadores na família, após a meia-noite seguiam-se minutos de absoluto terror para mim com o meu tio a dar tiros para o ar nas traseiras da casa, fazendo lembrar clãs muçulmanos no dia do casamento da filha de 12 anos.


2.       Usar roupa interior nova e colorida
Fruto de uma crença que vem, não se sabe bem de onde, acreditamos com todas as nossas forcinhas que o destino que o ano vindouro nos oferece é directamente proporcional à cor da roupa interior que envergamos na noite e no dia da transição. Tradicionalmente, em Portugal, as lojas escoam todo o stock da bela da cueca azul por alturas do final do ano. Mas aqui há uns anos introduzi uma adaptação a este ritual. Era dia 31 e estava em Espanha, mais propriamente numa loja asiática, desesperada por encontrar um exemplar azul, quando o empregado mostrou todo o seu contido espanto, típico dos povos daquela geografia, no momento em que 10 portugueses lhe perguntaram por cuecas azuis. Ao que parece, os “nuestros hermanos” usam roupa interior nova, sim, mas encarnada na “nochevieja”. E nós não nos ficamos por menos: levamos umas vermelhas (para usar na noite) e umas azuis (para usar no dia), na esperança de duplicarmos a nossa sorte. E como o senhor não estava preparado para esta demanda cromática, houve quem, do sexo masculino, tivesse que levar, ao invés do boxer, o fio dental vermelhusco!


3.       Tomar um banho gelado
Quanto a este costume só posso agradecer ao Jesus e dizer bem alto: “Deus conserve intacto o meu bom senso!”. Por muita coragem e sorte que precisemos para encarar as medidas de austeridade com que, quase diariamente, o nosso governo nos presenteia, não correm nestas veias quentes bravura suficiente para mergulhar a falta de fé nas águas gélidas do nosso oceano. Mas para quem a tiver, ou estiver muito desesperado, ou ainda para quem não encontrou melhor forma de curar a ressaca da noite anterior antes do cabritinho assado em casa dos pais, deixo aqui os meus mais sinceros e orgulhosos parabéns!


4.       Usar lençóis novos
Sinónimo de ponto de viragem na vida (não de 360º, espero eu), comprar uns lençóis novos pode ser uma boa estratégia! Também pode ser um bom pretexto para alguns que, pela primeira vez em 12 anos de casamento, podem escolher a sua própria roupa de cama - que, até à data, foi sempre comprada por sogras e por tias afastadas por alturas de Natal e aniversário, com incontornavelmente diferentes pontos de vista sobre rendas, estopas e cornucópias.


5.       Deitar fora objectos velhos
E porque não pegar nos lençóis antigos, nas roupas que usávamos quando tínhamos 20 anos (e que nunca mais nos vai servir, nem que cumpramos com o máximo afinco este protocolo de 12 regras), e nos extractos bancários de há 10 anos atrás (que não trazem outra coisa que não seja sofrimento) e não fazemos uma grande fogueira? Pelo menos poupamos no aquecimento… Já estamos a ganhar qualquer coisinha, não vos parece?


6.       Vestir roupa de cor
O branco simboliza a paz e o equilíbrio, que são duas coisas que fazem falta a muito boa gente que conheço. Mas as cores não ficam por aqui. Quem procura amor verdadeiro deverá vestir cor-de-rosa e se se procura uma paixão ardente, a opção recairá sobre o vermelho. O amarelo está relacionado com a riqueza em bens materiais, o verde com a saúde e o azul com a limpeza (daí a cueca azul, porque os portugueses são muito limpinhos). Eu cá vou usar preto, que para mim é sinónimo de esconder o pneumático indesejado – e que bem que este talismã funciona!


7.       Mezinhas, simpatias e afins
Se fizerem uma pesquisa na net por “rituais de ano novo” num instante têm ao alcance dos vossos olhinhos um sem fim de “simpatias” que prometem amor, dinheiro, sucesso e cura para a unha encravada. Algumas envolvem a queima de substâncias naturais em casa, acompanhadas de frases proferidas em voz muito alta e de danças pouco convencionais, pelo que será recomendável avisar os vizinhos ou esperar que estes saiam de casa, não comprometendo, assim, a ideia que eles têm da nossa saúde mental.


8.       Fazer um brinde
Não se trata de beber para esquecer, nada disso, nem quero que, com estas minhas palavras, alguém fique em casa no dia 2 de Janeiro por extrema desidratação provocada por excesso de álcool. Há que brindar ao novo ano que aí vem que em tudo será grande: brindar ao incremento da taxa de desemprego, brindar ao aumento do número de horas de trabalho e brindar ao acréscimo do IVA nos produtos transformados e na restauração.


9.       “Subir para cima” de uma cadeira
Sim, meus caros, este pleonasmo foi intencional. Na hora de chamar a sorte para jogar na nossa equipa, nenhum exagero é excessivo. Certifiquem-se apenas de que o teor alcoólico não se incompatibiliza com esta peça de mobiliário (atenção aos exageros do ponto anterior), evitando assim passar as primeiras horas do ano numa sala de espera das urgências. Se bem executado, este gesto trará melhorias significativas na nossa qualidade de vida, sobretudo se não tivermos nenhuma perna engessada.


10.   Entrar no ano novo com o pé direito
À semelhança da rotina anterior, entrar com o pé direito no novo ano pode significar prosperidade. Para evitar confusões, recomenda-se distinguir o pé direito com algum artefacto. Mas, atenção, que este objecto seja discreto e pouco volumoso, não vá o diabo tecê-las e provocar a queda durante o ritual descrito no ponto anterior. Nota: resultados não comprovados em canhotos e disléxicos.


11.   Ter dinheiro na mão
Eu sei que para muitos pode ser difícil, nesta altura, chegar ao último dia do mês e do ano e ainda ter notas no bolso. Mas descansem! Fiz uma pesquisa e segundo o que consegui averiguar, o ritual pode ser substituído por atirar umas moedas ao ar no momento da passagem do ano – e agora  todas as três pessoas que lêem este blogue se dirigem rapidamente ao espelho de água do shopping mais próximo para ver se encontram alguma!


12.   Comer 12 passas e fazer os 12 desejos
E porque o mote é o número 12, remato com o mais popular de todos os rituais: comer as 12 passas ao som das 12 badaladas, ao mesmo tempo que se pedem os 12 desejos. Gostaria que no meu caso a coisa fosse um pouco mais simples, mas, infelizmente, é tipo remédio para a tosse! Para começar detesto passas, pelo que não as mastigo. Engulo-as de uma só assentada para minimizar o sofrimento e, para que o faça rapidamente, bebo uma golada do tradicional espumante, igualmente intragável para mim, mas que me permite não ficar com aquela papa na boca, prestes a provocar movimentos expulsivos de suco gástrico. E depois vem o pé direito, e subir para a cadeira e atirar as moedinhas ao ar… Irra!!! Com esta titânica empreitada não sobra grande tempo para os 12 desejos que, normalmente, se reduzem a um “que este ano seja ainda melhor que o anterior” e a ”muita saudinha”: no meio de tanta repulsa e de tanto nervo lá ficam perdidos os objectivos bem definidos que andei a estudar nos dias anteriores (porque, para que as coisas aconteçam, temos que saber exactamente o que queremos). Desta feita, parece que este ano não vou ficar magra, nem ser aumentada, nem correr a meia maratona e muito menos tocar piano decentemente. Houve uma vez que pedi à minha mãe para me comprar uvas de mesa para não começar o ano logo agoniada, mas só havia daquelas com os bagos gigantescos (cujo termo mais vernáculo não pode ser referido em horário nobre), de maneira que à terceira uva que meti na boca deixei de conseguir mastigar, engasguei-me com o sumo e passada meia hora ainda estava a tirar grainhas da boca… Resultado: tanta azáfama, tanto preparativo e tanto sacrifício e... esqueci-me de pedir os desejos!


Bem caríssimos, com estas 12 me vou, senão ainda corro o risco de não conseguir fazer nenhuma. Para o ano há mais, espero eu, pelo que, se for abençoada por um momento de iluminação e articulação, reservarei um desejo para conseguir escrever mais e melhor em 2012!!!

UM BOM ANO!!!


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Caminhada de Fé

Caríssimos,

O tempo para me dedicar dignamente a este espaço tem sido, efectivamente, pouco. Mas o verdadeiro motivo pelo qual não tenho escrito tem que ver com o facto de me ter estado a dedicar a outra causa.

Em Setembro passado fiz uma caminhada de fé e, para que as recordações não se perdessem no tempo, quis imortalizá-las e partilhá-las com outras pessoas que pensem seguir as nossas pegadas - e são, seguramente, muito mais do que imaginámos! Depois de termos ido a Fátima a pé e de termos falado com amigos e conhecidos sobre essa experiência, fomos surpreendidos por um enorme número de pessoas que já foram ou querem fazer o mesmo, quer o motivo seja a fé, o crescimento pessoal, a introspecção ou simplesmente o desafio de vencer obstáculos e atingir metas.

Por tudo isto, caso conheçam alguém que esteja interessado em fazer esta ou outra peregrinação, não hesitem em enviar-lhe o endereço deste blogue que será, indubitavelmente, uma grande ajuda!

caminhadafe.blogspot.com